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2010-01-25

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 based on my poetry, on 2024-05-13
Suplica

Suplico à nuvem que passa, 
Que me leve em seu regaço. 
Peço ao vento que trespassa, 
Que me mate este cansaço. 
Nuvem! Chora comigo, 
Gota a gota do meu sangue, 
Leva-me para longe contigo, 
Até eu ficar exangue! 
Deixa-me descansar em teu colo, 
Deixa-me morrer e renascer, 
Bem longe, num outro polo, 
Onde haja amor para viver. 

@Conceição Pereira

(Todos os direitos reservados)




2009-03-13

A (minha) pena

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 based on my poetry, on 2024-03-21,
World Poetry Day

Com pena peguei na pena,
Na pena para te escrever.
Com pena larguei a pena,
Com pena de te não ver.

É muito pequena a pena
A pena para te escrever
Comparada com a pena
A pena de te não ver

É muito pesada a pena
A pena que é ter
Uma pena pequena
Pequena para te escrever

Para te escrever a pena
Imensa que é ter
Uma tão grande pena
Pena de te não ter

Quem me dera ser pena
E com ela me escrever
Acabar com esta pena
E, leve, contigo ir ter!

@Conceição Pereira

(Todos os direitos reservados)

(A primeira quadra é uma quadra popular que aprendi com a minha mãe, na infância. As restantes são de minha autoria em 2009-03-13)

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One thing I like to do to relax is to write fictionalised stories in prose or verse. Here are some examples of what I've written over time, in Portuguese.

Encontros e Desencontros

(História ficcionada)

(Parte I)

Saiu a correr da sala de conferências, onde o conferencista ainda respondia às questões da audiência.

Habitualmente ficava até a sala ficar vazia, ou quase. Ficava para ouvir as perguntas e as respostas, para colocar as suas questões, para apontar as suas conclusões.

Por vezes ficava mesmo para última, para poder questionar em particular.

Mas hoje era diferente!

Eram dezoito horas de dia trinta de Dezembro. Estava longe de casa, num país estranho.

Tinha passagem de avião reservada para as vinte e duas horas. Esperava-a uma longa viagem de doze horas, de avião!

Chegaria na véspera da passagem de ano, após dois longos meses de ausência. Após um ano, a seguir a outro, de muitas ausências, mais ou menos demoradas.

É verdade que só o marido a aguardava. Nunca tinha conseguido ter filhos, apesar de muito os desejar.

Tinha uma relação distante com a sua família e as amizades eram difíceis de manter e solidificar quando se anda sempre em viagem. Mesmo com o marido, a relação era distante, dir-se-ia que era mais de conveniência, como um último recurso, como um sítio para onde voltar.

Houvera tempos em que vivera rodeada de família e de amigos. Eram muitos, muito chegados, muito calorosos. Mas, sem saber bem como, foi-se afastando de toda a gente. Umas vezes para ficar com o marido, outras por razões profissionais.

Tinha seguido sempre em frente, corrido e saltado de desafio em desafio, como se nada a preenchesse por completo, como se nada fosse suficiente.

Viajava no Táxi, em direcção ao aeroporto, enquanto tudo isto lhe tomava, mais uma vez, os pensamentos. O trânsito estava lento, muito lento. Como se todos estivessem em corrida, tentando regressar ao lar antes de qualquer coisa...

No rádio do Táxi ouvia-se a previsão do tempo: “prevê-se uma descida acentuada de temperatura e um forte nevão, para as próximas vinte e quatro horas.”

Desejava que se enganassem. Isso poderia por em risco o seu voo de regresso a casa. Mas, olhando pela janela, o céu carregado não agoirava nada de bom.

Eram vinte horas quando finalmente se instalou numa das salas de espera, aguardando a hora do embarque.

Olhou pela janela…, lá fora era agora noite e estava uma estranha calma, nem uma brisa…

Um ambiente pesado, sob um céu espessamente nublado que reflectia todas as cores da cidade.

Sentou-se, instalou o PC portátil no colo e ligou-o. Enquanto esperava que ele arrancasse dedicou uns instantes a olhar em volta, para quem a rodeava.

Famílias de pai, mãe e filhos, carregados de bagagem; Iam viajar para se juntar a mais família e amigos. Via-se que estavam cansados, mas felizes! Lia-se-lhes excitação e ansiedade nos rostos. Os adultos de olhar no infinito e sorriso distante, antecipando sem dúvida com base em recordações, o reencontro caloroso. As crianças em alegre correria, despreocupadas com o amanhã…

Parecia que todos estavam suspensos…, completamente preenchidos com as suas vidas.

Também se viam alguns executivos, viajando sós, mas falando ao telemóvel sem parar. Completamente absorvidos nos seus trabalhos.

Finalmente o PC ficou pronto e ela dirigiu a sua atenção para o ecrã, à sua frente. Nesse momento viu-o…

Estava sentado mesmo à sua frente, embrenhado nas suas coisas, de rosto escondido atrás do ecrã do PC em que trabalhava apressadamente. Olhara momentaneamente para o lado, para uma criança que gritara pela mãe e isso deixou-lhe o rosto visível.

Era ele, sem dúvida! O seu melhor amigo dos tempos de estudante!

(continua)

(1ª parte de um conto de minha autoria escrito em 1 de Novembro de 2009)


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Entrelinhas

Entrelinhas pequeninas
As palavras sei de cor
Elas são tuas, não minhas,
Mas eu as conheço melhor
 
Com o silêncio dizem verdade
Na escuridão me iluminam
Em presença dizem metade
Com a ausência me discriminam
 
E quem me quiser explicar
Faça o favor de o fazer
Não sei se fará mudar
O que eu já julgo saber
 
(Conceição Pereira, 2008-11-07)